Biblioteca Pública Municipal do Porto
[Ao falar de Augusto Soromenho]
Nunca vi ninguem que tivesse tantas artes de ganhar inimigos. […] Elle não tinha flôres, nem bifes, nem fraques. Era escrevente em um escriptorio de barreiras, percebia doze escassos vintens por dia, desvelava as noites lendo de emprestimo livros obsoletos; e, nas horas feriadas ao seu emprego quotidiano, ia à livraria publica affligir o empregados pedindo livros em linguas mortas, como se os anemicos e romanticos funccionarios da bibliotheca de S. Lazaro pudessem conhecer e carrejar os pulvureos folios-maximos dos Santos Padres.
Em um d’estes ordinarios conflitos de Soromenho com os guarda salas, por causa da MAGNA BIBLIOTHECA PATRUM ET SCRIPTORUM ECCLESIASTICORUM o encontrou um jornalista [Camilo, claro!] que lia chronicas de frades para estudar o milagre e a lingua, e encher-se de historia, de fé e de vernaculidade.
Camilo Castelo Branco
(In Cancioneiro Alegre)
Consta-nos que entre os concorrentes, se apresenta o Sr. Camilo Castelo Branco. Se no Porto há vislumbre de respeito ao talento, nem a Câmara pode deixar de o apresentar ao Governo como candidato, nem o Governo de o revestir das funções que solicita. A imprensa não é uma coisa absolutamente insignificante neste país, e a imprensa não podia abster-se de protestar contra o escândalo da exclusão. O Sr. Camilo Castelo Branco é um dos escritores mais fecundos do País, e , indiscutivelmente, o primeiro romancista português.
[…] A rejeição do Sr. Camilo Castelo Branco seria um verdadeiro abuso, uma prevaricação municipal.
Alexandre Herculano
(In Jornal do Comércio)
Deixe uma Resposta