Eu não tenho imaginação, tenho memória, memória do que vi, do que senti, do que experimentei. Se descarno as pinturas, se descrevo uma cena friamente, é por que assim os olhos, que a viram, a levaram à alma, que a imprimiu em si. Se me deixo ir nos arrobos de coração, que se ala para o impercetível, desesperado de incorporar na palavra o que só é de foro íntimo da alma, é por que, em tal situação, na presença de tal facto, ouvindo tal história, vendo tal mulher ou homem, senti assim, compreendi assim o que talvez outros e outras almas vissem e entendessem de outro modo.
O certo é que não imagino, ou apenas imagino, se pode dizer-se imaginar, épocas, lugares, nomes, miudezas, generalidades. Não há outro lavor neste e nos outros romances.
(In Vingança)
Imaginação ou memória?
Agosto 26, 2011 por casadecamilo
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