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Posts Tagged ‘cear’

«- Credo! Vossemecê bebe chá por almoço?!
– Pois então!
– Ora essa! Cá em casa há chá, que o compra meu tio padre João, mas é para as dores de barriga. À minha boca nunca ele foi, em boa hora o diga!
– As comidas fortes dão-se bem com o seu estômago?
– Ora de dão! Nunca estive doente dois dias a fio.
– Costuma cear?
Pudera não! Almoço, janto, merendo e ceio: é o costume cá de casa; é vossemecê?
– Eu começo agora, desde que vim para a aldeia, a comer melhor; mas não pude ainda habituar-me a cear.
– Pois quem não ceia toda a noite rabeia: é o ditado dos velhos. Então não come mais nada?»
(In Como se casou Silvestre)

 

 

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«Faz-me grandes saudades a Coimbra de 45 e 46, em que eu por ali estraguei duas batinas. A Maria Camelo era então uma gentil rapariga a quem eu desfechava frases sentimentais, mas, sobre a matéria, incombustível. Ela foi a salamandra dos vulcões líricos que então flamejavam em Coimbra. Ouvia-se com um sorriso afetuoso, enquanto eu me saturava do fósforo dos seus linguados e das suas tainhas. Volvidos 34 anos, quando meus filhos lá iam cear, ela disse-lhes:

– Seu pai sentou-se aí nessa mesa muitas vezes. Não se esquecera do meu nome. Como isto é triste… quando se sente o coração vivo nas ruínas do corpo!»

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