
«Viveu na sua escrita como vive um monge na sua clausura, sequestrado do século pelo condão fastiento e desdenhoso da sua índole, não lhe permitindo gozar da vida senão o sabor mordente e corrosivo da paixão amorosa, – de todas as paixões humanas a que mais frequentemente leva a apetecer a morte. De sorte que ele poderia adoptar para si o epitáfio de Beyle, compendiando a sua autobiografia na mesma breve epígrafe, resignada a altiva, resumo de todo o destino que teve na terra o seu dolorido coração e o seu grande espírito:
Escrevi, amei, vivi.»
Ramalho Ortigão