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Posts Tagged ‘Espírito e graça’

«Às vezes aprecia-se mais um punhal num braço popular, que um grande pensamento na cabeça dum doutor em física.
(In Teatro)

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«- Que ouviste dizer de mim?…
– Franqueza! Tu não te ofendes, nem eu sei se é louvor, se ofensa a censura: ouvi dizer que fazias dez livros originais de uma ideia sem originalidade nenhuma. Isto é verdade?
– Parece-me que sim… Eu tenho calculado que a Providência me concedeu dez ideias: foi pródiga comigo.»

(In O Sangue)

 

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«A melancolia, sem flatulência nem perturbações estomacais, a que tanto ataca os inteligentes como os idiotas, era esse o meu fito.»
(In Coração, cabeça e estômago)

 

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Houve tempo em que, todas as noites, em São Miguel de Seide, se jogava o solo. Quatro parceiros eram certos: Ana Plácido, o filho Nuno, o ator Dias e o abade de Jesufrei. Camilo não jogava. Sentava-se junto de Ana Plácido e ia seguindo o jogo e a discussão entre os parceiros. De quando em quando, no decorrer das vazas, sorria e soltava uma ironia. Uma noite, o abade insistia com o romancista para que jogasse, ao menos, uma partida.

– Não, abade, não…

– Pois desculpe V. Ex.ª que lhe diga, uma partidinha não é pecado, e entretém…

– Oiça, abade, – objetou Camilo – jogo, só com batota. E se eu gostasse de jogar com batota, jogava na política!

 

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«Não é assim o cínico.

Herdara um tesouro que seus pais lhe prepararam; e preparara ele em seu coração todos os elementos para aumentá-lo.

Que o ouro aumenta, quando é lançado no cadinho da perversidade. E o coração, ferido de avareza é o segundo tesouro para quem herdou o primeiro. O mais eficaz instrumento da caridade, o ouro, nas mãos do avaro, converte-se em ferro de dois gumes: um que lhe entra no próprio coração, o outro no coração que lhe pede um óbolo.

É assim o cínico.»

(In Lágrimas abençoadas)

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Um abade minhoto pediu-lhe, um dia, um epitáfio para uma pessoa amiga. Camilo compôs uma oitava. O abade quis pagar-lhe os versos com um pataco.
– Aqui tem, Sr. Camilo… O que é bom, paga-se bem!
Logo Camilo, com um grande ar, recusando a moeda:
– Guarde os seus tesouros, senhor abade. Os génios, quando se abrem, são gratuitos como a chuva do céu!

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A Cidade do Porto

– Esteve no Porto? É uma cidade bonita, não é?
– É muito interessante. A gente de dia faz horas para se deitar ao escurecer. Não há nada melhor. Come-se e dorme-se com a mais perfeita tranquilidade de espírito.
E na semana santa vêem-se mulheres, quando passam as procissões

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Camilo detestava as mulheres faladoras. «Porque é que certas mulheres falam tanto? Acho que é porque pensam pouco» – costumava ele afirmar. E contava:
– Conheci uma rapariga a quem o noivo, nas vésperas do casamento, dissera: «Não fales tanto». A noiva ouviu estas palavras, mediu as suas forças, chorou, atormentou-se e disse: «É impossível calar-me. Não me casarei». E não casou. O orgulho da mulher faladora, uma vez ferido, é incurável.

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