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Posts Tagged ‘Eusébio Macário’

Camilo tinha vindo a Lisboa e conversava com António Cândido e Tomás Ribeiro, no quarto do hotel em que se hospedara. Era já na altura em que a cegueira ameaçava cruelmente o romancista. Nisto, entrou Sousa Martins. O grande médico logo se ocupou das enfermidades de Camilo e, numa atitude um tanto ríspida, intimou o romancista a cumprir rigorosamente as suas determinações clínicas, o rosto do escritor iluminou-se dum sorriso e murmurou para Tomás Ribeiro e António Cândido:

– Este Sousa Martins não me perdoa o Eusébio Macário! Ou ele não fosse sobrinho de boticário!

Na verdade, Sousa Martins tinha um tio farmacêutico.

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Alberto Braga
«Quero ver o que dizem agora de si os rafeiros, que ladram contra si! Escrever há trinta anos no seu esplêndido estilo, genuinamente português de lei e de alto quilate; e, por capricho, a brincar, escrever o Eusébio Macário! É assombroso!»

Alberto Braga

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«Havia na botica um relógio de parede, nacional datado em 1781, feito de grandes toros de carvalho e muito ferraria. Os pesos, quando subiam, rangiam o estridor de um picar de amarras das velhas naus. Dava-se-lhe corda como quem tira um balde da cisterna.
Por debaixo da triplicada cornija do mostrador havia uma medalha com uma dama cor de laranja, vestida de vermelhão, decotada, com uma romeira e uma pescoceira crassa e grossa de vaca barrosã, penteada à Pompadour, com uma réstia de pedras brancas a enastrar-lhe as tranças.
Cada olho era maior que a boca, dum vermelhão de ginja…»
(In Eusébio Macário)

 

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No dia 16 de Dezembro de 2008, pelas 10 horas, decorreu, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a prova pública de um doutoramento em Linguística que tem por objecto de investigação textos de Camilo Castelo Branco.
A tese em referência tem por título Estrutura e Funcionamento da interacção verbal polémica. Contributo para o estudo da polemicidade em Camilo Castelo Branco e desenvolve-se no quadro da Análise do Discurso, perspectiva a partir da qual se descreve a organização discursiva de textos camilianos que constituem o corpus da análise. Desse corpus fazem parte os textos constitutivos da polémica entre Camilo Castelo Branco e Alexandre da Conceição, em torno d’ A Corja, travada entre Janeiro e Abril de 1881, os textos da crónica Revista dos Dois Mundos, A Queda dum Anjo e Eusébio Macário. Estes textos são analisados de uma perspectiva linguística com o objectivo da captação das regularidades discursivas dos textos de polémica.
Está dividida em duas partes. A primeira parte do trabalho passa em revista alguns estudos centrados em problemáticas relacionadas com o texto polémico e a polemicidade, inscritos em diversas áreas teóricas (primeiro capítulo), sistematiza os traços interaccionais genéricos da polémica como troca verbal, apresentando uma descrição teórica dos esquemas interlocutivos predominantes neste tipo de discurso (segundo capítulo) e apresenta a matriz teórico-metodológica de acordo com a qual se descreverá o corpus constitutivo do trabalho – o modelo modular de Análise do Discurso (terceiro capítulo).
A segunda parte do trabalho – Modos de construção do discurso polémico: abordagem descritiva da polemicidade em textos de Camilo Castelo Branco – contém a análise dos encadeamentos de enunciados de textos polémicos, orientada para a descrição dos índices de polemicidade relacionados com a apropriação da palavra do outro e a sua representação discursiva. O primeiro capítulo desta segunda parte debruça-se sobre aspectos contextuais e cotextuais da prática discursiva polémica de Camilo Castelo Branco, autor dos textos que constituem o corpus, salientando traços discursivos com eles relacionados. O segundo e o terceiro capítulos são essencialmente descritivos. São aí feitas as análises descritivas do encadeamento dos enunciados em textos. No segundo capítulo – Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição: estrutura e funcionamento -, a análise recai sobre textos que funcionam como intervenções reactivas numa troca verbal polémica, intitulada por Camilo Castelo Branco Modelo de Polémica Portuguesa, integralmente transcrita em anexo. No terceiro capítulo – A construção romanesca como acto de polémica -, são analisados textos literários avaliados como polémicos em função da imitação subversiva de um código literário que se pretende ridicularizar.
Da tese faz ainda parte um anexo que contém um levantamento de numerosas polémicas portuguesas, ao longo dos séculos, constituindo um contributo para uma História da Polémica em Portugal.
Casa de Camilo

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