«Camilo Castelo Branco é, sem dúvida, um dos vultos mais singulares da nossa galeria romântica. Tornou-se mesmo a personagem romântica típica, modelo sugestivo das loucuras e desgraças desse período.
Atingido pelos mais duros golpes que podem agitar e ferir um coração de homem; lançado em luta impiedosa contra um destino adverso; vítima do seu desequilíbrio, que nunca lhe permitiu instalar-se num bem-estar duradoiro; abalado por um temperamento sem freios, que exigia sempre novas sensações, novas dores, novos combates – a vocação literária presidiu sempre, no entanto, aos seus tumultos íntimos e pode até dizer-se que deles se alimentou. A sua obra, de facto, modela-se num sofrimento vivido, saboreado, transformado em expressão verbal. Menos infeliz – talvez Camilo não tivesse sido o escritor de génio que fulgura, com estranho prestígio, no olimpo do nosso romantismo.»
João Ameal
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