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Posts Tagged ‘Jorge Castelo Branco’


É concedida uma pensão anual e vitalícia de mil réis a Jorge Castelo Branco, depois de uma luta incessante de seu pai, Camilo Castelo Branco.

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«O meu Jorge está no hospital dos alienados.

Foi indispensável a reclusão para evitar-lhe os ímpetos de fúria. Chegou a bater na mãe.

O primeiro mês, no hospital, dava esperanças, não de cura, mas de redução a um estado pacífico.

Depois tornaram as agitações, e as esperanças lá vão. Considero-o morto, perdido para a família, que importa o mesmo. Quando parecia sossegado, e o Dr. Sena me dizia que era possível regressar a casa., mandei lá o Nuno, como pedra-de-toque para aliviar o estado mental a respeito da família.

Assim que o viu, enfureceu-se. Não há nada a esperar… A tristeza desta casa, e a deplorável velhice dos pais daquele infeliz, menos infeliz que nós!»

(In Carta a Tomás Ribeiro)

 

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Camilo é praticamente um inválido. As suas dores, exacerbadas pela progressiva esclerose e pela cegueira irremediável, impedem-no de se aplicar à apaixonante tarefa de escrever, que foi sempre o seu ganha-pão. Forçado pelas circunstâncias, aceita a pensão que, decreto de 23 de maio de 1889, é concedida ao filho Jorge.

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Enquanto em Paris, a venerável robínia (“Robínia Pseudoacacia L.”) do Cais Saint-Michel, plantada em 1601, sobrevive com o apoio de uma “bengala” gigante de betão e no Kew Garden, em Londres, se designa o espécime plantado em 1762 por “Old Lion” (Velho Leão), numa das mais belas colinas de Lisboa, no histórico Jardim do Príncipe Real, concebido em 1861, as obras de “requalificação” camarárias conduziram não à promoção nem ao prolongamento da longevidade das nossas robínias, algumas centenárias, mas à sua morte precoce.

Desastroso e ignorante “restauro” este que manda abater (sem parecer prévio de quem de direito) as robínias antigas, propondo-se de seguida substitui-Ias por árvores jovens da mesma espécie, quando a sua antiguidade constituía a memória de um tempo em que Portugal se descobria moderno por plantar robínias nos jardins.

De facto, se a “acácia do Jorge” (filho de Camilo Castelo Branco), uma robínia plantada em frente à casa do escritor em S. Miguel de Seide, em 1871, indica a sua existência em Portugal, em 1872, no Jornal de Horticultura Prática, Jules Meil, então director do Jardins e Passeios Públicos de Sevilha, escreve sobre a introdução de robínias ainda como uma novidade usada para corrigir «o aspecto monótono da vegetação dos nossos jardins púbicos e particulares».

Uns anos mais tarde, em 1886, o artigo “Robínia Pseudo-Acacia” de M. de Freitas, publicado no Jornal de Horticultura Prática, parece indicar que o conhecimento do valor ornamental desta “Papilionaceae” ainda não estava consolidado em Portugal. O articulista descreve com minúcia o «effeito encantador» da folhagem e das flores «que derramam ao longe um odor suave», semelhante ao da «flôr da Laranjeira>, observado nas robínias plantadas em «bosques», «avenidas» e «jardins públicos» parisienses, para motivar os leitores a seguirem o exemplo.

O seu entusiasmo ultrapassa, no entanto, a beleza, a qualidade melíflua das suas flores, a partir das quais se faz um «xarope para acalmar as convulsões e os vapores», destacando, sobretudo, a rentabilidade de um plantio intensivo.

Na sua perspectiva, a robínia emerge como uma super-árvore, rápida a crescer, resistente à humidade, adaptável a diferentes condições climatéricas, dotada de uma madeira fácil de cortar, «mais pesada do que a do carvalho», não corrompida pelos insectos, passível de ser utilizada na construção de mobiliário, alfaias agrícolas, rodas de dobar, cadeiras, vasilhas para o vinho ou até, seguindo o exemplo dos EUA (esta espécie provinha dos Montes Apalaches), na construção naval, «em cavernas, curvas e demais peças importantes», entre as quais, embora não o mencione, se celebrizaram em 1819 em pregos de Filadélfia.

A robínia parece de tal forma rentável que se no inicio a vê como um «recurso inapreciável para as regiões estéreis e deslocadas» vem depois em delírio defender a sua plantação por todo o lado: «O interesse dos proprietários, despertado pela certeza do lucro, não deve desprezar estas indicações úteis, e torna-se-lhe mister multiplicar por toda a parte esta árvore, hoje a mais preciosa de todas».

O sonho de invadir o País com robínias não parece ter alcançado êxito talvez porque, entretanto, já se dera início à exploração do Eucalipto “Globulus” e o artigo/ propaganda “Cultura das Acacias”, do William C. Tait, publicado na anterior edição do Jornal de Horticultura Prática, sobre o sucesso do cultivo «à escala industrial» das “verdadeiras” acácias, vulgo mimosas, tenha convencido de imediato os que procuravam um investimento com resultados comprovados.

Às árvores colonizadoras esta miragem de lucro fácil serve a vocação expansionista e no caso da robínia, uma verdadeira “Hidra vegetal”, qualquer ataque que se lhe faça atiça mais ainda a vontade de se propagar; lançando raízes a grandes distâncias, tece uma rede subterrânea que ajuda a fixar os solos e a faz rebentar onde menos se espera.

De «árvore preciosa» a espécie proibida (Decreto Lei n° 565/99), a robínia foi, no entanto, protegida nos jardins da Capital, onde é menos ameaçadora, retomando-se em 1941, «a prática antiga» de lhe lavar o tronco no Verão para evitar que as poeiras o queimem. Um tratamento de beleza especial que os cuidadosos, e outrora existentes, jardineiros de Lisboa lhe prodigalizavam, desconhecendo, por certo, que a História da “Robínia” estava associada à História da Moda.

Jean Robin, botânico real (em sua homenagem Lineu atribuiu o nome científico à espécie), que plantou pela primeira vez esta árvore no Cais Saint-Michel, em 1601, introduzindo-a na Europa, só abria as portas do seu jardim a poucos eleitos, entre eles, ao desenhador e bordador Pierre Vallet. Os livros realizados por ambos inspiraram as novas tendências vegetalistas da moda na Corte de Marie de Médicis.

NEVES, Suzana – A Casa na árvore: Um prego pode dar mel. «Tempo Livre», n.º 213 (Mar. 2010), p. 52-53.

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