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Posts Tagged ‘O cego de Landim’

«Foi há treze anos, em uma tarde calmosa de agosto, neste mesmo escritório, e naquele canapé, que o cego de Landim esteve sentado. São inolvidáveis as feições do homem. Tinha cinquenta e cinco anos, rijos como raros homem de vida contrariada se gabam aos quarenta.»
(In O cego de Landim)

 

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«Na tarde desse dia, passeava Monteiro, debaixo da parreira do seu quintal, pelo braço da viúva. As calhandras e os pintassilgos trilavam os seus requebros às margens do rio Pele. As rãs coaxavam nas poças, e as auras ciciavam nas ramarias dos álamos. Era uma tarde de tirar amores do olho de uma couve lombarda.»
(In Novelas do Minho: O cego de Landim)

 

                                                                                                                                       Helena Romão

 

 

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Numa noite que se pretendia o mais realista possível à do cego de Landim, o cenário foi o mais próximo do da época e até a luz ténue quase nos cegou a todos, à comunidade de leitores de Camilo Castelo Branco. No local mais apropriado, por ser perto da casa onde viveu o “ cego”, no adro da capela de Landim, estes saudáveis morcegos, esbugalharam as pupilas e leram… leram… leram… trechos da obra camiliana: O cego de Landim, englobado nas “Novelas do Minho”, das edições de Caixotim, à venda na Casa de Camilo.
De livro em punho, olhos na leitura – e ao alto, na esperança de ver a lua – assim decorreu mais uma Noite de Insónias, animada pelos trechos de leitura espirituosa que Camilo muito empresta a esta novela. Quase diríamos que, se houvera tempo, teríamos lido, ali, sentados no murinho que cerca a capela, todos os quinze capítulos mais a conclusão, tal foi o entusiasmo por tão deliciosa escrita.
O vinho do Porto oferecido pela Casa de Camilo, mais os bolos que vão sendo, rotativamente, uma oferta dos leitores presentes, faz sempre com que se termine em alegre cavaqueira e risota, quando não acaba em “verso” – como foi o caso dessa noite, onde alguns brindaram com poesia e graça a noite escura.
Prof. Lucília Ramos

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«A moeda-falsa é comércio como qualquer outro, com vantagens em proporção dos riscos. Negócio execrando só conheço um: a escravatura. Há também negócios que, depois de muitos anos de estafa, não deixam nada: esses chamam-se negócios tolos».
(In Novelas do Minho)

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Reler as Novelas do Minho, de Camilo, é uma boa hipótese para tempos de crise. Ali está Portugal, o que prezamos e o que nos enjoa. Camilo, que foi tratado como «o último miguelista de Portugal», dá a volta à província desenhando a galeria dos seus personagens: brasileiros («os de profissão» e «os do Brasil», nunca enganando o ressentimento contra Pinheiro Alves, a quem ficou com o relógio); herdeiros pobres que morrem nas serras, sob a neve e a geada; mulheres de dedos nodosos (um dos primeiros retratos de amor entre mulheres, na nossa literatura, está em «O Cego de Landim») e de peito arfante, melodioso; bacharéis do século dos bacharéis, políticos vingativos e de digestões difíceis; gente corada, apopléctica, mandibulando bacalhaus de cebolada; românticos perdidos; tuberculosos das secretarias, compondo maus versos e acabando na câmara de deputados — está tudo lá, está tudo lá, como está n’ A Brasileira de Prazins, a obra-prima. Para os fanáticos de Cormac McCarthy, lembrem-se que a expressão original é de Camilo. Numa das novelas, é o próprio que se lamenta: «Este país não é para ninguém.»
Francisco José Viegas

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