«Contou-me o falecido general Sousa Machado, intrépido batalhador de África, onde foi gravemente ferido no combate de Coelela, que em setembro 1873, sendo alferes, esteve na Póvoa de Varzim, convivendo aí muito com o autor da Brasileira de Prazins.
Uma tarde, encontraram-se, os dois, em um dos cafés da formosa praia, e pegaram de conversar, enquanto os filhos de Camilo brincavam um com o outro. O pai, ao mesmo tempo que lhes vigiava os folguedos, ia discorrendo acerca do nada que valia ser escritor em Portugal.
– Estes, – disse ele, apontando os filhos – livrarei eu de saberem ler e escrever…
– Pois V. Ex.ª diz isso?!… Retorquiu Sousa Machado, sem poder ocultar o seu assombro.
– Digo e hei-de cumprir. Sabe lá quantos desgostos as letras me têm dado!…»
(In Os amores, os ciúmes e a graça de Camilo, de António Cabral)