Entre 1984 e 1990 realizaram-se todos os anos, em Vila Real, as Jornadas Camilianas, precedidas, em 1983, de um Junho Cultural que já prestava a Camilo uma atenção especial, prenunciando as Jornadas, e seguidas de uns Passos de Camilo, em 1991, que coroaram o ciclo.
Foram organizadas conjuntamente pelos Serviços Municipais de a Cultura e Círculo de Estudos Camilianos (coordenados por António Manuel Pires Cabral, sendo na altura presidente da Câmara o Dr. O Armando Moreira) e pela Região de Turismo da Serra do Marão (à época presidida por Elísio Amaral Neves), que algumas vezes agregaram a si o Arquivo Distrital de Vila Real (dirigido por Manuel Silva Gonçalves) e asseguraram a colaboração da Câmara Municipal de Ribeira de Pena (com relevo para a acção de João Leite Gomes e Francisco Botelho). Foi um bloco de nove acções, portanto, em que cada qual rivalizou em interesse com a anterior. Diversos números da Revista Tellus arquivaram os textos das comunicações produzidas e constituem hoje uma referência bibliográfica camiliana fundamental.
As Jornadas Camilianas foram, no seu conjunto, um dos e acontecimentos culturais mais importantes jamais realizados em Vila Real e, atrevemo-nos a dizer, no País. A elas se deve um reacender do interesse pela figura do nosso primeiro romancista, cujo estudo potenciou. Deixaram memória indelével entre aqueles que algum dia nelas participaram, não só pela profundidade das teses nelas defendidas, como pela qualidade dos participantes (quer dentro quer fora da esfera universitária), pela variedade das abordagens, não esquecendo a sua criatividade (bem documentada no material publicado neste caderno), a sua irreverência e os imorredouros laços de amizade e camaradagem criados entre as pessoas que nelas participaram.
De algum modo, foi esta combinação entre peso científico e abordagem lúdica que as tornou únicas e irrepetíveis. No intervalo entre as sessões de trabalho, havia sempre algum momento de descontracção e humor, sempre referido a Camilo e por vezes agarrado à actualidade, como o desvio do autocarro (referência actual) pela quadrilha de Luís Meirinho (referência camiliana) ou a rapto pelas Brigadas JL (referência actual) do (imaginário) camiliano romeno, Prof. Calistrat Radulescu.
De tudo isso – do sério e do jocoso – falam eloquentemente as imagens que se arquivam (admitindo poder faltar uma ou outra da mais de uma centena de publicações produzidas), para memória futura, nas páginas [destes Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Real].
Pires Cabral
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